Nos últimos dias, não se falou em outra coisa. A música de Lady Gaga “Shallow”, vencedora do Oscar 2018 - Melhor Canção Original, com o filme “Nasce uma Estrela”, ganhou uma versão regravada por Paula Fernandes e Luan Santana, “Juntos e Shallow Now”. Popularizada, a nova versão, no entanto, divide opiniões e polêmicas.
“Precisamos nos posicionar, especialmente dentro da nossa profissão. Somos linguistas, e eu tenho certeza, que os tradutores ficaram de cabelo em pé ao ouvir esta versão. É preciso deixar de lado o que tem se chamado de sociedade do espetáculo. Quando escutamos “Juntos e shallow now”, nós pensamos, inicialmente, assim: “Bem, não é exatamente a tradução, né?”. Porém, quando se pensa na lógica da tradução, pensa-se numa tendência de fazer com que de uma determinada língua, passe para outra algo que seja o mais próximo possível, o que nós chamamos de paráfrase.” explica professor e autor dos livros “A nova ortografia da língua portuguesa” e “Na ponta da língua”, Carlos André.
Outro ponto levantado pelo professor diz respeito à licença poética da canção. “Quando se fala em licença poética se fala em poesia, e poesia é diferente de poema. Quando se fala em poesia se fala em uma tendência a estabelecer uma relação artística, e aí um dos detalhes artísticos é a lógica da rima. A licença poética pode ser feita por qualquer um, desde que esse alguém faça poesia efetivamente, e não uma rima, digamos assim, superficial”, diz o professor Carlos André.
Segundo análise do professor, quando se fala em “Juntos e Shallow Now”, outro inconveniente é a falta de nexo da música.
“Absolutamente incoerente e, mais do que isso, é desrespeitoso com a língua portuguesa. O povo brasileiro é extraordinário, de muita cultura e que tem muito a crescer ainda, certamente mais com a Cajuína, bebida típica de Teresina transformada em poesia e em música por Caetano Veloso, do que com Shallow Now”.
Sobre Carlos André e o Instituto
O autor dos livros “A nova ortografia da língua portuguesa” e “Na ponta da língua”, Carlos André representa a OAB Nacional no Senado da República no Acordo Ortográfico, e é Professor de Língua Portuguesa e de Redação Jurídica. Fundador do Instituto Carlos André, centro de excelência em Língua Portuguesa e preparatórios para Admissão à Carreira Diplomática, Pré-vestibular e Assessoria em Português Jurídico, fundado em 2009, é Mestrando em Gramática pela UFMG e em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Formado em Direito, o autor e professor também é Membro do grupo técnico responsável pelo Manual de Redação Jurídica – OAB.
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