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Hoje eu precisei dizer Adeus.

Texto: Karen Marques


Como diria meu finado avô: “Não tem choro e nem vela”. Pois é. Hoje eu precisei dizer Adeus. Disse adeus a uma menininha que fez morada no meu coração e que por mais que tenhamos passado poucas e boas juntas, ela sempre estava ali decorrente das amarras que a gente não resolve na infância. Hoje ela partiu.

Quando criança, a necessidade de carinho e afeto eram insaciáveis. Sabe quando você quer compensar um lado que não tem como ser compensado? Pois bem. Fiz 34 anos e essa menina linda ainda habitava aqui dentro, procurando o que não teve lá atrás. Hoje ela partiu.

Partiu da forma mais linda possível, deixando apenas a alegria, mas levando embora a inocência. Precisei de muita coragem para dizer Adeus e pulso para seguir adiante. Tive que me desprender de crenças e para você que talvez busque o mesmo, saiba que depois de um certo tempo, teremos que aprender a sermos autossuficiente se quisermos sobreviver e sobretudo, viver. Particularmente detesto essa palavra “Autossuficiência”, mas é a mais pura realidade. Haverá momentos na vida em que é você por você. Diferentemente de drama, o que enfatizo aqui é que por mais que você esteja cercada de pessoas queridas, familiares e amigos, haverá muitos momentos em que é “preciso” que seja somente você. Haverá pedaços da estrada em que você “precisará” caminhar consigo, sem mais, nem menos.

Essa menina se foi. Mas ela deixou muitos ensinamentos. Um deles é que tudo tem seu tempo. Ninguém está atrasado ou adiantado. Os aprendizados acontecem na hora certa. Às vezes você torna-se mulher aos 20 anos de idade, outras pessoas aos 40 ainda será uma adolescente e assim, por conseguinte. Não há uma ordem cronológica de idade versus maturidade. Não tem data marcada. Em um dia você acorda e a realidade bate na porta: “Eu cresci agora, sou mulher, tenho que encarar com muita fé”. É verdade, precisa de muita fé e sobretudo força para ser mulher.

Verdade que eu gostaria muito de continuar no colo da minha mãe como uma menina que um dia eu fui, sem me preocupar com absolutamente nada, apenas com minhas bonecas. Hoje fico no colo dela também, mas com outras preocupações e com outras percepções. E isso é maravilhoso, passar por etapas é necessário para chegarmos ao final do destino. Até porque, a fórmula da juventude ainda não foi descoberta e da eternidade menos ainda. Então minha amiga, um dia o tempo da ampulheta acaba. Então viva todas as fases que puder, porque em cada uma delas será uma experiência diferente.

A menina se foi, e é estranho dizer, mas me sinto mais leve. Talvez por saber que os motivos que a faziam ficar tenham se tornado obsoletos. Agora em diante é apenas uma mulher. Uma grande mulher.

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