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Lorena Cantanhede

O poço. Mais precisamente,  o fundo dele.

Texto: Karen Marques

Que atire a primeira pedra quem nunca chegou no fundo do poço ao menos uma vez durante a vida. Que atire a primeira pedra quem nunca passou por lá, mesmo que tenha sido por uma breve estadia. Esse texto é para quem já conheceu esse lugar, ou, para quem ainda vive por lá. Eu faço parte dos visitantes. Agora que não senti nenhuma pedra nas minhas costas, vamos começar. Afinal, o que seria “o fundo do poço?”.

Gosto de definir o fundo do poço como o limite abaixo de tudo aonde podemos chegar e aonde tudo está literalmente em cima de nós, em cima do nosso Eu, das nossas costas, em cima da nossa mente e em cima do nosso coração.

É literalmente um sorrateio. E esse tudo em cima de nós, podemos incluir desde a terra, o céu e o mar, quanto as culpas, os julgamentos, as crenças e tantos pesos que tentamos segurar com nossa própria força. Porque na vida, vamos carregando conosco pesos desnecessários e quando menos esperamos: Bum! O desabamento para esse fundo (por não conseguir o peso de segurar todas essas e as demais coisas) acontece. Primeiramente entenda, o meu poço não é o mesmo que o seu. Cada um de nós temos possui um poço personalizado. O meu pode ter a profundidade de 5m e o seu pode ter 1m e ambos podemos ter a mesma dificuldade para sair de lá.

A questão não é qual poço é o mais profundo e sim o que podemos aprender estando nele.

Durante a minha estadia, uma das coisas que me salvou para que eu pudesse conseguir sair, foi ter a percepção de que só existia um caminho de saída: Para cima! Não existe um atalho. O fato é, você só consegue sair para cima ou por cima, entendeu o trocadilho? “POR CIMA”. Depois que você já sabe o caminho para sair, vem a parte mais complicada: Como sair? Se o que te levou para lá foi o peso do que caiu sobre você, esse peso precisa ser retirado. Não tem como subir com esse peso, não é possível fazer a escalada com ele. Você vai ter que se livrar dele, custe o que custar. E acredite: Você consegue.

Quando começamos a ter consciência do fato de que precisamos tirar os pesos para sair de lá, vamos de fato analisando todo o nosso comportamento perante as pessoas, perante as coisas que nos acontece e principalmente: perante o nosso Eu. Vamos aprendendo a balancear os acontecimentos. A dar as coisas a importância do que elas realmente merecem. Começamos a aprender que a decisão para sair ou continuar aonde estamos é de nossa responsabilidade e que não podemos terceirizar as nossas escolhas para ninguém, nem para a sorte e nem para o destino. Aprendemos a olhar para o nosso umbigo e a nos colocarmos como prioridade.

O fundo do poço te ensina o que a superfície jamais poderá ensinar: Ele te ensina a mergulhar dentro de si. Te ensina a verificar seus medos e suas coragens. E não duvide: Somos mais fortes do que imaginamos. Em resumo: O fundo do poço pode ser o melhor lugar para recomeçarmos.

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