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Lorena Cantanhede

Coleção que marcou despedida de Karl Lagerfeld da Chanel chega ao Brasil

Texto: Laura Ancona Lopez

Fonte: Site Marie Claire

“Sempre fui fascinado pela civilização egípcia. Suas ideias me inspiram e intrigam. O que faço é depois transformá-las em realidade”, foi assim que Karl Lagerfeldapresentou o mood da coleção de pre-fall 2019 da Chanel, desfilada em dezembro passado em Nova York.


Karl Lagerfeld takes a bow flanked by Virginie Viard, Chanel's studio director, and Hudson Kroenig, his godson © Olivier Saillant
Karl Lagerfeld takes a bow flanked by Virginie Viard, Chanel's studio director, and Hudson Kroenig, his godson © Olivier Saillant

A apresentação monumental, chamada Métiers d’Art (ofícios de arte, em tradução livre), valoriza justamente o trabalho manual dos principais ateliês da marca. É quase uma coleção de alta-costura, dada a riqueza de materiais, tecidos e detalhes, mas com a versatilidade (e contemporaneidade) de um ready-to-wear.

A noite reuniu centenas de clientes, imprensa e celebridades – de Penélope Cruz a Pharell Williams, que inclusive desfilou – e aconteceu dentro da ala egípcia de um dos museus mais célebres da cidade, o MET, que também é palco do famoso baile de gala que acontece anualmente.

O que nenhum de nós, presentes naquela passarela montada em frente ao Templo de Dandur – construída em homenagem à deusa Ísis no ano 10 a.C. e doada pelo Egito aos Estados Unidos em 1965 –, sabia era que seria a derradeira vez que o designer alemão, à frente da maison desde 1983, faria seu show.

Karl morreu exatos dois meses depois, aos 85, de causas não-divulgadas, em Paris, e, embora tenha participado ativamente da criação das coleções de alta-costura verão 2019 e do outono-inverno 2019-2020 desfilados post mortem, em janeiro e março últimos, nunca mais o veríamos em cena.

Foi uma despedida e tanto, já que foi o último Métiers D’Art do Kaiser – quem teve a iniciativa de criar, em 2002, uma coleção off season para homenagear o savoir-faire de moda único dos artesãos.

Munido dos excessos e do detalhismo ligados à cultura egípcia antiga, como o dourado, os acessórios imponentes, os hieróglifos (presentes em estampas feitas em malhas de tricô fininhas), Karl juntou tudo em um grande caldeirão que causou efeito imediato na plateia – e me incluo aqui.

Estive algumas vezes em desfiles da Chanel nestes últimos anos. Nunca me esquecerei do foguete alçando voo (de verdade) dentro do Grand Palais ao som de “Rocket Man”, de Elton John, em março de 2017; ou das ondas de água salgada na praia montada na mesma locação, em Paris, em outubro passado. Os shows são sempre imponentes, midiáticos, superlativos. Mas nunca havia saído tão impactada pela coleção em si, impecável do início ao fim, como desta vez. Parece que Karl sabia que estava traçando um grand finale.

Amigas da marca

As celebridades apareceram aos montes. Penélope Cruz, Julianne Moore, Margot Robbie, Marion Cotillard, Diane Kruger e Blake Lively se emparelharam na primeira fila, entre muitas outras, e Pharell Williams, um dos amigos da marca mais próximos a Karl, subiu na passarela e personificou um faraó. A cidade parou, literalmente, para ver a Chanel passar: era tanta gente em Manhattan para a ocasião, que ruas e hotéis próximos à região do desfile estavam praticamente intransitáveis. Mesmo com a temperatura negativa, muita gente cumpriu a agenda dos eventos (que incluiu a pré-estreia de um episódio da série da Netflix 7 Days Out, que mostra os bastidores da alta-costura verão 2018), visitas ao showroom, fora os compromissos sociais, à pé. O que foi duplamente agradável: do lado de fora, a decoração era de Natal em Nova York: árvores nevadas, patinação no gelo, vitrines vermelhas e douradas.

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