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Amor é uma escolha

Texto: Kah Marques


Os minutos que antecederam o texto, peguei-me pensando nas pessoas que conheci ao longo desses trinta e poucos anos de vida. Aliás, acredito que preciso fazer uma correção; não vivi esses trinta e poucos anos, algum deles apenas sobrevivi.

E talvez seja exatamente por isso que eu consiga de fato dizer que o amor é uma escolha.

O amor é uma escolha e para fazer sentido tem de ser recíproco. O meu coração precisa escolher o teu e, consequentemente, o teu escolher o meu. E, por ser uma escolha, ele reafirma sua capacidade de existir, sendo tudo possível para aqueles que se escolhem.

Na era dos aplicativos, gps, rastreador de curtidas, pessoas lindas, bem-sucedidas, sem celulites, sem estrias e, sobretudo, disponíveis no mercado, raros são as pessoas que se escolhem, porque sempre estaremos em busca de algo à mais ou de um comparativo do que o outro tem de melhor que possa oferecer do que a pessoa anterior. Porém, a verdade é que essa busca nada mais é do que o vazio que existe em cada ser humano.

Eu busco o que me falta. Assim sendo, continuamos aceitando as paixões passageiras. A paixão pelo sexo, pelo poder,pela beleza, pelo potencial de se fazer o que não conseguimos, até que a próxima senha seja chamada e nos tornamos apenas mais uma na lista das reservas, aonde em um futuro, talvez não tão distante, receberemos uma mensagem dizendo - oi sumida -.

Pois bem, a paixão acontece; o amor escolhemos. Escolhemos seguir com essa escolha.

Na maioria das vezes ela pode ser unilateral, apenas um fazendo a escolha e, com os dedos cruzados, torcemos para que sejamos escolhidos também. E, infelizmente, há pessoas que irão preferir a paixão. Porém, ainda existem aquelas que irão dar a cara a tapa e escolher o Amor.

Paixão tem prazo de validade; amor tem o prazo do comprometimento. Comprometo-me a amar apesar de, apesar do gênio não ser compatível com o meu, apesar de você não ser um multimilionário e nem ter o corpo perfeito. Apesar de você roncar quando está dormindo, apesar do seu time ser diferente do meu, apesar de você ser cabeça dura e resmungona, apesar de você não ser a Deusa do sexo, apesar de você não estar maquiada e de salto alto o tempo inteiro, apesar de tanto pesares.

A gente se compromete a escolher apesar de qualquer coisa.

O amor tem uma visão macro, enquanto a paixão, na maioria das vezes, é cega. Escolhemos amar porque sabemos que apesar dos pesares sabemos que o quê aquela pessoa possui vai além do Ter, está no Ser. O ter se pode comprar, substituir. O Ser é nato.

Enxergamos na escolha o respeito, a honestidade, a fidelidade, o caráter, o cuidado, a aceitação porque esses atributos só o Amor consegue enxergar.

O amor é sóbrio, a paixão é inebriante. Uma escolha sóbria não vai te deixar na dúvida no dia seguinte, porque você não foi movido por algo passageiro. Não haverá ressaca moral no dia seguinte ou quando passar o efeito alucinógeno da paixão. Você não terá de sentir que estava com um desconhecido quando pensava que havia acertado na escolha. Na paixão nos embriagamos e ao menos que vivamos embriagados todos os dias (o que não é muito fácil de se sustentar), ainda vale a pena amar.

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