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A Mulher de Luta

Texto: Danilo Facchini


Tudo começou em um projeto pelo Senac no curso de Fotografia em homenagem ao “Outubro Rosa” onde eu e colegas do curso fotografamos mulheres que venceram o câncer, com o objetivo de levantar a sua auto estima e um alerta para o diagnóstico precoce, as fotos foram feitas no estúdio do Senac, e as fotografias foram reveladas e expostas no Shopping Bougainville em Goiânia. A exposição repercutiu para a imprensa da TV Record Goiás que cobriu todo o projeto , e não imaginaríamos que teria tamanha visibilidade. A repórter do Goiás Record me escolheu para conceder a entrevista da minha experiência como fotógrafo neste projeto, e a entrevista foi ao ar na emissora Record por uma semana em diversos horários, onde meu nome ficou em destaque. Após a entrevista ir o ar, em uma terça feira à noite recebo uma mensagem privada no Facebook, onde uma moça que viu a entrevista me achou na rede social, e me disse que ficou admirada com a entrevista e o projeto, pois ela também venceu o câncer recentemente. Após muita conversa eis que a moça me convida para criarmos uma nova exposição, desta vez com outras mulheres, e que as fotos seriam expostas no Shopping Buriti. Eu me senti muito feliz pois diferente da primeira exposição, essa nova exposição seria minha, com as minhas fotografias expostas em um dos principais shopping’s da cidade, foi uma grande oportunidade para o início da minha carreira na Fotografia. Então levamos o projeto adiante, conseguimos grandes parceiros como o Shopping Buriti, Bio extratus, e Trésor que patrocinaram a exposição do começo ao fim, desde o meu contrato à produção de beleza das 10 mulheres que foram escolhidas para modelarem para as fotos. As 10 mulheres que foram fotografadas foram escolhidas pela moça do início de tudo, onde a grande maioria delas ainda estavam em processo de tratamento da doença, e para fotografarmos tivemos que escolher um dia em que elas não teriam a quimioterapia, e que pudessem vir para Goiânia, já que algumas moravam no interior do estado. Falar sobre essa experiência de fotografá-las não é algo fácil, algumas já haviam retirado a mama, estavam fracas devido ao tratamento de quimioterapia, e com a baixa autoestima. E eu como fotógrafo tive que deixá-las à vontade, para que elas se reconhececem nas fotos, bonitas e guerreiras como são. Foram momentos de grandes emoções, sensações e questionamentos. Uma mistura de sentimentos difíceis de serem descritos. Ao fotografarmos, eu já encaminhei as imagens para impressão na gráfica pois em alguns dias já seriam expostas. Para a montagem da exposição eu ajudei a equipe a expor as fotos nos totens, que também havia fixado abaixo das fotos um pequeno texto narrativo de cada modelo fotografada, onde falava de suas histórias na luta contra o câncer, como lidaram ao saberem da doença, como foi o apoio de familiares e amigos, o momento em que perderam os cabelos, retiraram a mama e a força que ganharam para não desanimarem nesse trajeto. Chegando o dia da exposição eu estava bastante ansioso, decidi levar a câmera pois queria fotografar a reação de cada modelo ao ver sua fotografia exposta. Ao entrar na exposição já montada a primeira sensação que tive foi de felicidade, fiquei muito emocionado de ver várias pessoas que estavam no shopping parando para observar, fotografar e ler. Ao final da visita à exposição tiramos uma foto para guardar de recordação, os familiares das modelos foram chegando, e alguns se emocionaram. Saí da exposição já querendo retornar, é muito gratificante um fotógrafo ver suas fotos expostas sendo vistas por um grande público. A exposição me proporcionou muitos momentos de reflexão, uma delas foi a questão de que as mulheres fotografadas estavam bem felizes e entusiasmadas para verem suas fotos expostas em um grande shopping, mesmo estando fragilizadas, sem a mama, com cicatrizes, e pálidas. Cheguei a conclusão de que as vezes nós reclamamos muito de nossa aparência e da vida em si, e não nos colocamos no lugar de outras pessoas que têm motivos para reclamar e não reclamam, que estão com o sorriso no rosto e só querem viver. Essa experiência me cresceu profissionalmente e como ser humano.

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