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Lorena Cantanhede

150 marcas se juntaram a Macron para tornar a industria de moda mais sustentável

O "Fashion Pact" é uma inciativa do presidente francês com o apoio de François-Henri Pintault

Fonte: Site Vogue

Texto: Emily Farra


Foto: Google. Se você é o autor dessa foto, envie-nos um email para mesclee@gmail.com e colocaremos os devidos créditos.
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Uma rápida pesquisa no Google sobre a cúpula do G7 do fim de semana traz manchetes amplamente dominadas pelo comportamento do presidente Trump: no jantar de sábado, ele insistiu que o grupo reintegrasse a Rússia, removida do então G8 em 2014; fez várias declarações conflitantes sobre as tarifas da China; e assim por diante.

Mas algumas notícias realmente valem a pena comentar: mais especificamente, que o presidente francês Emmanuel Macron (anfitrião da cúpula deste ano) estreou seu novo Fashion Pact, um conjunto de objetivos comuns que a indústria da moda pode adotar a fim de reduzir seu impacto ambiental.

O pacto chega três meses depois de o presidente e CEO da Kering François-Henri Pinault revelar que ele havia sido selecionado por Macron para estabelecer esses objetivos e montar uma “coalizão” de marcas na Cúpula de Moda de Copenhagen. Imediatamente, a PVH (proprietária da Calvin Klein e Tommy Hilfiger) topou, e na cúpula deste fim de semana Macron relatou que 32 empresas (e aproximadamente 150 marcas) já haviam aceitado.

O pacto é digno de menção por muitas razões. Para começar, é uma iniciativa inédita que está unindo os principais nomes da moda, muitos dos quais conhecidos concorrentes. De volta a Copenhagen, Pinault explicou: “Apesar do que estamos fazendo [reduzir nosso impacto individual], as coisas não estão progredindo.

Precisamos de fato definir metas juntos. O primeiro estágio é escolher três ou quatro objetivos que são prioridade principal para o setor e nos comprometermos a trabalhar para alcançá-los juntos e encontrar soluções. Tenho [certeza] de que iremos alcançar um nível que nenhum de nós conseguiríamos  trabalhando individualmente”.

Ele enfatizou a necessidade de colaboração acima da concorrência e compartilhamento de recursos  em vez de focar em exclusividade e sigilo. Sobre isso, o fato de que Stella McCartney aceitou o pacto fala muito: ela deixou o grupo Kering em 2018 e recentemente entrou para o grupo concorrente LVMH (que está de fora da coalizão).

Outras marcas que aceitaram o pacto incluem Gucci, Chanel, Tapestry (proprietária da Coach e Kate Spade), Nike, Alexander McQueen, Prada, Hermès, Ermenegildo Zegna, Burberry, Gap, Zara, Nordstrom e Capri Holdings (a nova holding de Michael Kors, dona da Jimmy Choo e Versace).

O que exatamente esses estilistas estão aceitando fazer? De acordo com a sugetão de Pinault, o pacto gira em torno de metas com base científica em três áreas: aquecimento global (o objetivo é atingir emissão zero de gases do efeito estufa até 2050 a fim de manter o aquecimento global abaixo de 1,5 grau Celsius até 2100), restaurar a biodiversidade (com foco em restaurar ecossistemas naturais e proteger espécies) e preservar os oceanos (especificamente reduzindo o uso de plástico descartável).

Para a maior parte dos signatários, alcançar as metas do pacto irá exigir enormes mudanças e investimentos significativos. No entanto, vários já estão no caminho certo: McCartney liderou o caminho para eliminar o plástico virgem por meio do uso de poliéster reciclado, e ela usa materiais de sobra e que passaram por upcycle em suas coleções, o que resulta em emissões menores do que comprar tecidos novos.

De modo semelhante, Alessandro Sartori, da Zegna, está desenhando seus ternos com a intenção de reciclá-los no futuro; a Prada prometeu usar apenas nylon reciclado; a Zara está mudando seu foco para materiais orgânicos e reciclados; a Nordstrom acabou de lançar uma seção de Estilo Sustentável; e a Michael Kors, Gucci e Versace prometeram não usar mais pele.

É justo supor que essas marcas continuarão insistindo nessas iniciativas, mas o objetivo do pacto é que elas trabalhem para metas ainda mais ambiciosas juntas. Idealmente, seus esforços concentrados devem resultar em mudança mais rápida e impactante nos próximos anos, ainda que seja difícil pensar sobre 2050—ou até 2020—enquanto incêndios continuam a destruir a Amazônia.

Quando e como a indústria da moda irá entrar em ação? Ativistas ambientais rapidamente apontaram as inconsistências das doações de centenas de milhões de dólares que a Kering e a LVMH fizeram para restaurar a Notre Dame depois de seu incêndio em abril, e ainda assim nenhuma delas (e nenhuma empresa de escala semelhante) comprometeu esse tipo de valor para a Amazônia.

Ainda nesta manhã, Macron confirmou que o G7 concordou em um pacote de ajuda de $20 milhões para o Brasil e seus países vizinhos, enquanto o The New York Times apontou que com dezenas de milhares de incêndios acontecendo —  aproximadamente um campo de futebol e meio por minuto – não fica claro onde esse dinheiro irá chegar.

É claro que há muito que a indústria da moda pode fazer caso uma doação multimilionária não esteja nos planos. McCartney compartilhou que sua empresa está doando para a Rainforest Alliance, que trabalha com comunidades rurais para preservar florestas e apoiar métodos sustentáveis; para a Amazon Aid, que trabalha para proteger a Amazônia; e para a World Wildlife Fund, que protege o planeta e espécies em perigo.

No site da WWF, eles delinearam três maneiras como você pode se envolver: você pode assinar a petição deles e doar; deve prestar mais atenção no que compra, e apenas comprar itens de madeira que seja certificada e obtida de forma sustentável; e deve reduzir seu uso de combustíveis fosseis por meio do apoio à energia renovável em sua região e usar o transporte público quando possível.

No que tange a compras de moda, caso esteja de olho em um vestido feito de fibra com base em madeira — cupro, viscose, rayon, Tencel, lyocell—vale a pena investigar onde foi obtida. Sobre isso, McCartney está atualmente trabalhando em uma ferramenta de análise de dados com a Google para reunir dados de outras marcas e quantificar os impactos ambientais do algodão e da viscose, garantindo que sejam obtidos de forma sustentável.

Idealmente, a ferramenta irá evoluir de modo que estilistas possam avaliar seu desempenho em relação a materiais, emissões, uso de água e mais.

Outra maneira como você pode ajudar? Não apenas use a hashtag #PrayforAmazonia no Instagram (nem constranja quem não estiver gritando a respeito alto o suficiente). Apoie por meio de doações se puder, e use sua voz para exigir mudanças em escala global.

Como a ativista da Extinction Rebellion Sara Arnold me disse na semana passada, “não iremos combater o problema a menos que haja uma mudança sistêmica completa, e isso ocorre se atingirmos o governo, e não por meio apenas de ações individuais”.

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